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Em esforço sem precedentes, mais de 40 organizações de 13 países se reúnem para salvar sapos-arlequim, as joias da América do Sul e América Central, duramente atingidas por uma doença mortal

Com o primeiro plano de ação para a conservação de sapos-arlequim, a Iniciativa de Sobrevivência Atelopus está reunindo recursos, décadas de experiência e paixão para salvar um dos mais ameaçados grupos de anfíbios do mundo

For immediate release, August 26, 2021

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Com a formação da Iniciativa de Sobrevivência Atelopus (ASI) - uma nova aliança de mais de 40 organizações de 13 países - chega um novo dia para os sapos-arlequim, as joias das florestas e riachos das Américas do Sul e Central, e um dos grupos de anfíbios mais atingidos pelo fungo quitrídeo Batrachochytrium dendrobatidis (Bd).

Embora pesquisadores e conservacionistas venham trabalhando  há muitos anos para salvar os sapos-arlequim (que compõem o gênero Atelopus) em seus países, a ASI está reunindo-os pela primeira vez para compartilhar os recursos, décadas de experiência e conhecimento necessários para evitar a extinção de todo o gênero em todos os lugares onde essas espécies ainda sobrevivem.

"Como um grupo incrivelmente diversificado de anfíbios que enfrentam uma série de ameaças, os sapos-arlequim precisam de soluções inovadoras propostas por um grupo diversificado de indivíduos e organizações com diferentes conhecimentos e capacidades", disse Lina Valencia, fundadora da ASI, copresidenta da Força Tarefa Atelopus do Grupo de Especialistas em Anfíbios da IUCN, e coordenadora de países andinos da ONG norte-americana Re:wild, uma das principais incentivadoras da ASI. "Mais do que nunca, precisamos de uma constelação de pessoas trabalhando juntas para salvar os sapos-arlequim da extinção. A ASI ressalta a necessidade vital de implementar ações de conservação para mitigar as principais ameaças a este belo grupo de anfíbios."

Nas últimas décadas, muitas espécies de sapos-arlequim sofreram graves declínios populacionais e extinções em toda a sua distribuição. Hoje, até 90% das 99 espécies de sapos-arlequim descritas estão ameaçadas de extinção, e cerca de 40% das espécies de Atelopus desapareceram de seus habitats conhecidos e não são vistas desde o início dos anos 2000, apesar de esforços específicos para encontrá-las. De acordo com a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN, quatro espécies de sapos-arlequim já estão listadas como extintas, mas esse número é provavelmente maior. 

O fungo Batrachochytrium  dendrobatidis  (Bd) causa a doença letal quitridiomicose, que resultou em declínios de anfíbios  em todo o mundo. Embora o Bd seja provavelmente o principal catalisador desses declínios, uma série de outras ameaças estão contribuindo com essas quedas vertiginosas no número de sapos-arlequim. Isso inclui a destruição e a degradação do hábitat (como resultado da agricultura animal, exploração madeireira, mineração e desenvolvimento de infraestrutura), a introdução de espécies invasoras (como a truta-arco-íris, que ataca girinos de sapos-arlequim), poluição, coleta ilegal para o comércio de animais e os efeitos das mudanças climáticas.

A ASI e seus membros, incluindo governos, comunidades locais e povos indígenas, abordarão de forma colaborativa cada uma dessas ameaças — e novas, à medida que surgirem — em todo o gênero Atelopus, levando em conta as realidades sociais, políticas e culturais de cada um dos 11 países onde os sapos-arlequim são encontrados, incluindo o Brasil.

"Com suas belas canções e estilos de vida únicos, anfíbios estão entre os animais mais extraordinários da Terra e, entre eles, os sapos-arlequim se destacam por suas incríveis cores", disse Luis Fernando Marin da Fonte, coordenador da ASI e Diretor de Parcerias e Comunicação da Aliança para a Sobrevivência de Anfíbios (ASA). "Mas essas joias coloridas estão se tornando cada vez mais raras. Sapos-arlequim devem ser protegidos não apenas por sua beleza e singularidade, mas também por seu valor intrínseco e sua importância biológica, ecológica e até cultural."

O recém-lançado Plano de Ação de para a Conservação dos Sapos-Arlequim (Atelopus) fornece o roteiro para conservar e recuperar sapos-arlequim e seus habitats. As metas do plano de ação, que a ASI pretende alcançar até 2041 (quando se comemora o 200º aniversário da descrição do gênero Atelopus), incluem:

  • desenvolver e implementar métodos inovadores para mitigar os impactos do fungo quitrídeo sobre as populações de sapos-arlequim e entender melhor por que algumas espécies são mais e outras menos suscetíveis aos efeitos da quitridiomicose;

  • proteger e restaurar as florestas e bacias hidrográficas onde sapos-arlequim vivem;

  • criar e manter programas de conservação de reprodução em cativeiro;

  • buscar espécies perdidas para a ciência e preencher outras lacunas no conhecimento científico sobre sapos-arlequim;

  • compartilhar histórias para transformar sapos-arlequim em símbolos de esperança para a região e para o mundo e um carro-chefe para histórias de sucesso de conservação;

  • garantir que a rede de conservação Atelopus tenha o apoio técnico, logístico e financeiro para garantir a conservação, a longo prazo, dos sapo- arlequim.

"O gênero Atelopus está entre os grupos de anfíbios mais ameaçados do mundo", disse Ariadne Angulo, presidenta do Grupo de Especialistas em Anfíbios da IUCN. "Ao se reunir para implementar uma estratégia de conservação coletiva, a Iniciativa de Sobrevivência Atelopus está dando um passo fundamental para a conservação desses sapos altamente emblemáticos e dos habitats em que vivem."

Sapos-arlequim são encontrados da Costa Rica até a Bolívia, e do Equador até a Guiana Francesa, incluindo a Amazônia brasileira. São conhecidos como as joias da região neotropical por causa de suas cores bonitas e variadas, que variam de laranja, verde, amarelo, marrom, preto, vermelho, roxo e às vezes até rosa. Eles são celebrados em várias culturas latino-americanas, incluindo culturas indígenas, e em diversos países, como no Panamá, onde o animal nacional é o sapo-arlequim-dourado.

Assim como outros anfíbios, sapos-arlequim sustentam ecossistemas saudáveis. Seus girinos dependem da água limpa para sobreviver e, por causa disso, a presença de sapos-arlequim indica água de melhor qualidade em um ecossistema, enquanto seu declínio ou ausência é muitas vezes o primeiro sinal de um ecossistema em perigo.

"Proteger e recuperar sapos-arlequim e seus habitats também beneficiará as espécies que compartilham os ecossistemas em que vivem e que fornecem água para dezenas de milhões de pessoas e, finalmente, toda a vida na Terra", disse Valencia. "E esperamos que a ASI seja um modelo bem-sucedido que os conservacionistas possam repetir para outros grupos de espécies ameaçadas."

A Iniciativa de Sobrevivência Atelopus inclui grupos nacionais e internacionais de conservação, zoológicos, centros de reprodução em cativeiro, instituições acadêmicas, governos  e comunidades locais. No Brasil, fazem parte da ASI pesquisadores e conservacionistas da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), Universidade Federal do Pará (UFPA), Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e Projeto DoTS (Documenting Threatened Species).

Citações adicionais

Juan Manuel GuayasaminUniversidad San Francisco de Quito, Ecuador
University of North Carolina at Chapel Hill, EUA
Co-coordinator of the IUCN SSC Amphibian Specialist Group Atelopus Task Force

"Extinções e declínios de sapos-arlequim são os mais dramáticos já documentados para um grupo tão diverso. Precisamos de ações urgentes e pragmáticas, baseadas na ciência, para salvar sapos-arlequim da extinção. Governos, comunidades e ONGs devem unir forças com a Iniciativa de Sobrevivência Atelopus. Parece que ainda não compreendemos o fato (e a responsabilidade) de que o destino do planeta e de todas as espécies que ele abriga está em nossas mãos."

Gina Della Togna
Universidad Interamericana de Panamá, Panamá 
Smithsonian Tropical Research Institute, Panamá
Co-chair IUCN SSC ASG Biobanking Working Group

"O estabelecimento de iniciativas colaborativas em nível internacional e regional é essencial para coordenar esforços e obter resultados tangíveis que tenham um impacto eficiente e real na conservação de espécies ameaçadas de extinção. A Iniciativa de Sobrevivência Atelopus é um exemplo concreto, que não só visa conservar uma espécie, mas um gênero inteiro, talvez o mais ameaçado pela crise global de extinção dos anfíbios."

Kelsey Neam
Re:wild biodiversity assessments coordinator
IUCN SSC ASG Amphibian Red List Authority program officer

"Os dados mais recentes da Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN mostram que os anfíbios são um dos grupos de animais mais ameaçados do mundo, e os sapos-arlequim estão particularmente em alto risco de extinção. Como muitas vezes faltam dados adequados para muitos sapos-arlequim, é fundamental priorizar e fortalecer os recursos para ajudar a preencher lacunas de dados para que possamos tomar decisões informadas para conservar esse grupo único de anfíbios.

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Foto: Atelopus hoogmoedi de Jaime Culebras / Photo Wildlife Tours

Iniciativa de Sobrevivência Atelopus
A Iniciativa de Sobrevivência Atelopus é uma rede colaborativa que inclui grupos de conservação nacionais e internacionais, zoológicos, centros de conservação de reprodução em cativeiro, instituições acadêmicas, governos e comunidades locais que trabalham juntos para implementar medidas de conservação substanciais, de longo prazo e de amplo alcance para os sapos-arlequim.

Re:wild
Re:wild protege e recupera a vida selvagem. Temos um foco único e poderoso: a vida selvagem como solução mais eficaz para as crises interconectadas do clima, biodiversidade e pandemias.  Fundada por um grupo de renomados cientistas conservacionistas junto com Leonardo DiCaprio, Re:wild é uma força multiplicadora que une povos indígenas, comunidades locais, líderes influentes, organizações não governamentais, governos, empresas e o público para proteger e regenerar áreas naturais na escala e velocidade que precisamos.  Re:wild foi lançada em 2021 combinando mais de três décadas de impacto de conservação por Leonardo DiCaprio e Global Wildlife Conservation, aproveitando a experiência, parcerias e plataformas para trazer nova energia, atenção e vozes juntas. Nosso trabalho vital protegeu e conservou mais de 12 milhões de hectares que beneficiam mais de 16.000 espécies nos lugares mais insubstituíveis do mundo para a biodiversidade.  Não precisamos reinventar o planeta, precisamos apenas regenerar suas áreas naturais para todas as espécies. Saiba mais em  rewild.org.

Grupo de Especialistas em Anfíbios
O Grupo de Especialistas em Anfíbios (ASG) faz parte da Comissão para Sobrevivência das Espécies (SSC) da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN). Ele fornece a base científica para informar ações eficazes de conservação de anfíbios em todo o mundo.  Sob o guarda-chuva do ASG, a Autoridade da Lista Vermelha de Anfíbios supervisiona as avaliações de todos os anfíbios na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN. O ASG, junto com a ASA e a Amphibian Ark, compartilham uma visão comum de “Anfíbios Sobrevivendo na Natureza”.  Mais informações em https://www.iucn-amphibians.org/

Aliança para Sobrevivência dos Anfíbios
A Aliança para Sobrevivência dos Anfíbios (ASA) promove a conservação dos anfíbios e de seus habitats por meio de parcerias dinâmicas em todo o mundo. A ASA aumenta a conscientização sobre os anfíbios e sua situação, e ajuda a canalizar recursos vitais para medidas críticas de conservação, conforme orientado pelo Plano de Ação para Conservação Global de Anfíbios. A ASA trabalha diretamente com o Grupo de Especialistas em Anfíbios da IUCN e a Amphibian Ark para alcançar a visão compartilhada “Anfíbios Sobrevivendo na Natureza”.  A ASA promove o trabalho extraordinário de seus parceiros e busca recrutar diversos novos parceiros para construir um futuro forte e colaborativo para a conservação de anfíbios.  Mais informações em www.amphibians.org.

Amphibian Ark
A Amphibian Ark trabalha para garantir a sobrevivência e diversidade das espécies de anfíbios, com foco naquelas que atualmente não podem ser protegidas em seus ambientes naturais.  Nossos subsídios para conservação e programas de capacitação fornecem apoio a instituições envolvidas em esforços de resgate de anfíbios, e nossa Avaliação de Necessidades de Conservação ajuda a priorizar espécies para ações de conservação.  Mais informações sobre esses e outros programas podem ser encontradas em amphibianark.org.

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